sexta-feira, 1 de junho de 2012

Alberto Bertelli

Alberto Bertelli


Alberto Bertelli nasceu no dia 3 de outubro de 1914 numa fazenda no município de São Roque em São Paulo, mudando-se cinco anos mais tarde para a capital.
     Como qualquer criança teve uma infância normal, cujas lembranças serviram de alento para toda sua vida, principalmente a da visita do Rei Humberto da Bélgica, que, quando em São Paulo, fôra acolhido por 3 aviões, os quais fizeram acrobacias que ele, Alberto Bertelli, não esqueceu jamais.
     Inicialmente o jovem Alberto Bertelli optou pelo automobilismo, entusiasmado pelo modelo que seu pai adquiriu em 1922; porém, com uma exibição a que assistiu maravilhado em 1935 e sua mudança para perto do Campo de Marte, Bertelli resolve começar a freqüentar os meios de aviação.
     Essa foto  não é de aeromodelismo mas merece  estar em destaque!
Alberto Bertelli  dando um show de dorso! com seu Bucker jungman.
Foto   tirada  em 27 de julho de 1963!
Local:  Campo dos Amaraes-Campinas - SP

A partir daí, começaram as verdadeiras dificuldades, que foram desde a sua diferença de condição social para os outros frequentadores até a falta de apoio da família, amigos e do próprio patrão, quando a eles declarou o desejo de voar.
     Durante toda a vida Bertelli enfrentou os mais variados inconvenientes, inclusive acidentes de aviação que quase lhe roubaram a vida. Mas tudo Bertelli soube enfrentar utilizando-se de sua humildade e nobreza de espírito, característica daqueles que, em amor ao que se dedicam, conseguem galgar os mais altos degraus.
     Sabemos agora, que por seu caráter e pelos seus atos, Alberto Bertelli foi a última figura legendária da aviação brasileira, o último representante da aviação romântica, proveniente de uma saga de homens em extinção.

Um dos Clássicos de Bertelli o voo do bêbado


FRASE DO PILOTO ALBERTO BERTELLI
"O aluno aprende a voar, tira seu brevê. Continua a voar, faz as horas, presta exame e sai piloto comercial. Com muito sacrifício, entra numa companhia comercial. Volta ao Aeroclube com ares de importante, fala cobras e lagartos da aviação - da qual ele agora faz parte. Olha com desprezo os teco-tecos nos quais aprendeu a voar. Agora ele é o Sr Fulano dos Anzóis Pereira. Nunca mais voará em avião a pistão, coisa antiquada, não tem instrumentos, nem outros bichos.

Se for um aviador autêntico, verá que essa não é a aviação que o homem sempre almejou: acuse aqui, acuse ali, e depois de dois ou três anos de tanta acusação, volta todo humilde ao Aeroclube, olha o P-56 e pede que alguém lhe dê um duplo-comando, pois não sabe mais voar. Quer voar, simplesmente VOAR"...



ALBERTO BERTELLI

Nascido em 3/10/1914, natural de Aluminio, S.P., filho de João Bertelli e Julieta Dezzopa Bertelli foi casado com Paschoalina Bertelli e teve 3 filhas: Wilma, Shirley e Vera. Viveu a grande parte de sua vida em Registro S.P.. 

Brevetou-se Piloto Comercial em 1944. Em mais de 40 anos de atividade foi mecânico, inventor, músico (tocava clarineta), escritor, instrutor de vôo em vários aeroclubes, instrutor de planadores do Clube Politécnico de Planadores, piloto de provas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, transladou aviões, piloto de táxi aéreo transportando um pouco de tudo, desde peixes no litoral até doentes para hospitais e, com destaque, piloto acrobata. 

Como piloto acrobata participou de quase todas as festas aviatórias e shows aéreos de sua época superando a marca de 2.000 exibições, sofreu acidentes graves, colecionou inúmeras medalhas e troféus. 

Foi Campeão Sul Americano de Acrobacia Aérea em 1947. 

A convite do Ministério da Aeronáutica em 1.949 foi o único brasileiro participante da Semana da Asa a apresentar-se no Congresso Internacional de Aeronáutica Civil e na Revoada Panamericana. 

Convidado especial e único brasileiro com projeção mundial a apresentar-se no Salão Aero Espacial do Brasil, realizado em São José dos Campos, S.P. no ano de 1972. 

Foi considerado membro honorário da Esquadrilha da Fumaça, o 1o. piloto civil a receber esta condecoração . Pelos seus serviços à aviação foi agraciado pela Força Aérea Brasileira com o título honorífico de Brigadeiro do Ar. 

Por longos anos participou de quase todas as apresentações em conjunto com a Esquadrilha da Fumaça, liderada pelo seu grande amigo Cel. Braga, a quem chamava carinhosamente chamava de “Chefe”. 

“Véio” como era conhecido e gostava de ser chamado, Bertelli era uma pessoa simples, sonhadora, amiga e divertida sempre contando seu “causos” por onde passava. Com seu jeitão despojado de qualquer vaidade freqüentemente era confundido com espectadores dos shows em que iria participar (época em que ainda não usava seu macacão vôo da F.A.B.), sendo algumas vezes até solicitado “gentilmente” pela segurança a deixar a área reservada aos dirigentes e pilotos. E o interessante é que Bertelli humildemente atendia ao “convite”! Quando seu nome era anunciado e se dirigia ao Bücker... só constrangimento e desculpas por parte da segurança! 

Como todo fora de série, genial e dotado de extrema sensibilidade, Bertelli era meio normal, meio louco, que tinha asas em formato de biplano e voava de cabeça para baixo. 

Quem o conhecia sabia logo que estava chegando antes mesmo de pousar. Com os Bücker PP-TFM, PP-TFK ou PP-TEZ que utilizava era sempre a mesma coisa: fazia toda a aproximação, da “perna do vento” à “final” no dorso, girando para o normal somente há mínimos segundos do pouso. Essa era a sua “marca registrada ” 
Alberto Bertelli voando em Birigui-SP


Bertelli voava sempre em atitude de acrobacia. Seu vôo de cruzeiro era sempre de dorso! 

Depoimentos:
“Bertelli era um piloto fora de série, que todo o mundo o admirava e sempre foi considerado um dos maiores pilotos brasileiros” 
Cel. Braga 

“O Bertelli é sem dúvida o maior piloto do Brasil e de longe o melhor que conheço. Homem como poucos, tem dado lições inúmeras a todos os que o conheceram na aviação e fora dela.. É conhecido pelo seu espírito prático, sua personalidade simples e por isso contagiante. Descobriu sozinho, pela vida afora, a grandeza da humildade e por isso é uma figura humana de dimensões extraordinárias” 

“Creio ser ele, pelo seu tipo e pelos seus atos, a última figura legendária da aviação brasileira, o último representante da aviação romântica proveniente de uma safra de homens em extinção”. 
Cmte. Rolim Adolfo Amaro 

“O Brasil tem um dos maiores pilotos de acrobacia aérea e não sabe” 
Reportagem de capa da Revista Aerojet - 1977 

Se hoje a aviação nacional encontra-se em uma posição destacada no cenário internacional e há confiabilidade na aviação comercial, na indústria aeronáutica, nos pilotos brasileiros, muito se deve à união de esforços entre militares, representado pelo ícone Cel.Braga, e civis, representado pelo mito Alberto Bertelli. 

Bertelli decolou aos 66 anos para seu último e mais alto vôo em 8/12/1980. 
Sérgio Penteado 


Fontes:
Família Bertelli/Pioneiros do Ar
Aeroclube de Sorocaba
Boletim Informativo Campo Fontenelle 


Fotos Historicas de Alberto Bertelli em Birigui







Bucker 






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