domingo, 3 de junho de 2012

Rolim Amaro


Rolim Amaro

Rolim Adolfo Amaro (Pereira Barreto, 15 de setembro de 1942Pedro Juan Caballero, 8 de julho de 2001) foi um piloto de aeronaves e empresário brasileiro; polêmico empresário que transformou a TAM na maior companhia aérea do Brasil, entre os anos 1970 e 2001.


Empresário do ramo da aviação privada brasileira nascido em Pereira Barreto, interior de São Paulo, e que deixou sua marca na história da aviação brasileira e que pilotou com garra a arrancada da TAM no mercado nacional. Largou a escola no terceiro ano ginasial (1957) para ajudar nas despesas da casa. Foi assistente de mecânico, aprendiz de escrevente e office-boy de banco, em São Paulo. Apaixonado por aviões desde a infância, voltou para o interior e, com o dinheiro duramente economizado, pagou sua inscrição no curso do aeroclube de Catanduva. Conclui o curso de piloto (1958), obteve o brevê, foi para Londrina e conseguiu emprego na Táxi-Aéreo Star, onde pilotou sozinho, pela primeira vez, um Cessna 140 de dois lugares.
Com a implantação dos grandes projetos agro-industriais na região noroeste de São Paulo, voltou para São José do Rio Preto (1959) e passou a trabalhar na empresa Táxi Aéreo Riopretense, pilotando um Cessna-170. Entrou, como piloto (1962), na Táxi Aéreo MaríliaS.A, a TAM, empresa fundada por um grupo de dez aviadores (1961), passando a trabalhar diretamente para o industrial do açúcar Orlando Ometto, passando três anos transportando arroz, carne, tijolo e até animais, voando sozinho e cuidando da manutenção do avião. Ganhou bastante dinheiro, mas pegou malária sete vezes. Nesse meio tempo, o Grupo Ometto comprou 51% das ações da TAM e muda a sede da empresa para São Paulo.
O "comandante" casa e faz o mesmo, mas deixa a empresa porque ela quer transportar só malotes. Não tem vocação para piloto de cargas, preferindo o relacionamento humano. Estava na VASP, quando recebeu o convite do Banco de Crédito Nacional. A instituição tinha o avião, mas precisava de piloto para a Companhia de Desenvolvimento do Araguaia. O salário era alto e lhe permitiu economizar para comprar seu primeiro avião, um Cessna 170 (1966), com capacidade para três passageiros. Mudou-se com a família para o município de São Félix do Araguaia e mesmo atacado pela maleita, fundou sua empresa, a ATA - Araguaia Transportes Aéreos. Em dois anos montou uma frota com 15 aeronaves, maior do que a da TAM.
Neste mesmo ano (1968) foi convidado pelo grupo Ometto a ser acionista minoritário (33%) da TAM. Embora a empresa não estivesse em boa situação, inclusive com um patrimônio líquido insuficiente para pagar as contas, aceita a oferta em função das constantes crises de maleita, muitas em pleno vôo. Investindo toda sua competência, comprou metade das ações da TAM (1972) e assumiu a direção da empresa. Modernizou a frota e fez a empresa crescer, comprando (1973) 10 novos Cessnas 402, os primeiros aviões brasileiros equipados com radar, inaugurando a linha regular entre São José dos Campos e Rio de Janeiro (1975) e um novo vôo São Paulo-Araraquara, além de passar a ser o principal acionista do grupo, com 98% das ações (1976), fazendo a empresa já ser vista como um fenômeno. Enquanto a aviação crescia 15% a cada ano, a TAM aumentava 70% a cada seis meses.
Criou a TAM Transportes Aéreos Regionais (1976), inicialmente operando com seis aviões Embraer EMB-11-C Bandeirante, atendendo o interior de São Paulo, Paraná e Mato Grosso. Finalmente assumiu a totalidade das ações da empresa (1979) e entrou na década de sua consolidação com a chegada dos Fokker F-27 (1980). A TAM alcançou a marca de um milhão de passageiros transportados (1981) desde a sua fundação e de dois milhões de passageiros transportados (1984), conquistando o prêmio Top de Marketing por conta da qualidade do serviço que oferecia. Adquiriu a Votec (1986), que passa a se chamar Brasil-Central, e estende sua malha de rotas, principalmente para as regiões centro e norte do país. No mesmo ano, lança o VDC - Vôo Direto ao Centro, ligando São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba.Iniciou o Serviço Primeira Classe (1989) com o Fokker-F-27, ligando os aeroportos centrais de São Paulo e Rio de Janeiro.
A empresa ganhou mais visibilidade com a chegada dos Fokker F-100 (1990), inaugurando a aviação a jato e de alto padrão no transporte regional e caminha para ser a melhor companhia aérea da América Latina. Criou o serviço Fale com o Presidente (1991) e atinge a marca de oito milhões de passageiros (1992) transportados desde a sua fundação, criando um novo estilo de voar, com traços de informalidade e preocupação em valorizar cada passageiro. Lançou o Cartão Fidelidade (1993) e criou a Fundação Eductam, para dar bolsas de estudos aos carentes, apoiar obras humanitárias e participar de projetos culturais e esportivos e criou, também, o Museu Asas de Um Sonho, para preservar a memória e a história da aviação.

Comprou um aeroporto desativado no interior de São Paulo para criar um museu de aeronaves antigas, onde montou a maior e uma das únicas coleções de aeronaves antigas do país, e um centro de manutenção da TAM. Foi eleito o homem de vendas do ano (1994) e inovou aceitando em sua tripulação a primeira comandante mulher. Lançou o serviço Ticketless (1995),o embarque eletrônico sem bilhete, e o Cartão de Crédito Fidelidade TAM. A revista Exame elegeu, pela primeira vez, a TAM a Melhor Empresa Aérea no setor Transportes, em Melhores e Maiores, e a revista Air Transport World a nomeou a melhor empresa aérea regional do mundo. Mostrou toda sua habilidade para divulgar a imagem da TAM depois que seis acidentes envolvendo aeronaves da companhia ameaçaram abalar a prosperidade da empresa.
O pior deles aconteceu logo depois de ser eleita a melhor empresa do setor, quando o vôo 402, um Folker 100, que fazia a ponte-aérea Rio-São Paulo sofreu uma pane e caiu logo depois de decolar do Aeroporto de Congonhas, matando 99 pessoas (31/10/1996). Depois do acidente "o comandante" passou a receber os passageiros de alguns vôos que saíam de Congonhas na escada dos aviões, numa tentativa de recuperar a imagem da companhia. Depois disso, suas cartas e vídeos dirigidos aos passageiros tornaram-se uma constante nos vôos da TAM. Um ano depois, uma bomba explodiu durante um vôo, matando um passageiro. A partir daí, a TAM passou a adotar uma estratégia de marketing ainda mais agressiva e para continuar crescendo, ele tinha acabado de encomendar 100 aviões da Embraer.
Adquirindo a Helisul (1996) expandiu atividades para o sul do país, e muda a denominação da Brasil Central muda para TAM-Transportes Aéreos Meridionais, que passa a ser a empresa aérea nacional do grupo, passando a operar sem restrições em todo o território brasileiro e faz vôos internacionais. A empresa foi eleita a mais rentável do país pelo jornal Folha de São Paulo, a mais rentável do mundo pela revista Airline Business, e ganha o Grand Prix de anunciante do ano no Prêmio Colunistas, do Caderno de Propaganda e Marketing (1996), enquanto o comandante recebia o Prêmio Excelência 1996, da Associação dos Engenheiros do ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Adquire 80% das ações da Lapsa junto ao governo do Paraguai e formou a TAM Mercosul, com concessão para rotas na América do Sul e Europa a partir de Assunção.
Fechou o acordo de code sharing com a American Airlines para operar na linha São Paulo-Miami e comprou cinco aviões AIRBUS A330-200 (1997). Realizou o primeiro vôo para a Europa (1999), com destino a Paris em parceria com a Air France e inaugurou a oferta de assentos de classe executiva nos vôos da Super Ponte entre São Paulo, Rio, Brasília e Curitiba e, pela terceira vez consecutiva, ele é escolhido como personalidade do ano, pela revista Aero Magazine. Sua empresa é reconhecida como uma das mais modernas do mundo com um total de 98 aeronaves, 58 são jatos com mais de 100 lugares, com idade média inferior a cinco anos. Os vôos para Paris passam a ser diários (2000), com embarque e desembarque no Aeroporto Charles de Gaulle, aumentou a frota e ampliou a oferta de assentos e passou a operar apenas com jatos de última geração.
A empresa já era a mais rentável do país, com um faturamento de mais de US$ 1 bilhão (2000). Hoje com rotas internacionais, 87 aviões e 7.600 funcionários, alcançou a liderança no mercado de transporte aéreo nacional (2001), com mais de 30% dos passageiros, desbancando a rival Varig. Infelizmente, após passar o fim de semana em sua fazenda em Ponta Porã, na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai, morreu durante um passeio de helicóptero, quando o aparelho caiu e explodiu próximo ao vilarejo Fortuna Guazú, que fica no município de Pedro Juan Caballero, no Paraguai (2001), a 25 quilômetros da fronteira. Deixou viúva e três filhos, dois deles já seguindo os passos do pai, na direção da TAM, e a empresa na posição de a mais rentável do país. No carnaval de 2002, será homenageado pela escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, do Rio de Janeiro, com o samba-enredo "Nas asas de um sonho".


OS SETE MANDAMENTOS DE ROLIM AMARO

Rolim Amaro, fundador da TAM, resumiu sua filosofia de negócios em 7 mandamentos:
1º) É preciso, de forma permanente e incansável, buscar o lucro, é algo a ser perseguido com todas as forças. Produto do trabalho, o lucro é legítimo. Permite distribuir resultados e praticar a cidadania, uma forma de retribuir o prestígio recebido da sociedade.
2º) Em busca do ótimo não se faz o bom. Nenhum manual ensina a lidar com o público. Ensina dizer bom dia, boa tarde, mas não ensina o algo mais. As pessoas não se dão conta do alcance e do sentido de tratar o cliente bem.
3º) A empresa lucrativa presta serviços com mais segurança. As pessoas escolhem a companhia aérea mais lucrativa com base no seguinte pressuposto: essa empresa não precisa economizar na manutenção do avião, revela pesquisa nos EUA.
4º) Estabelecer vínculos indestrutíveis com o cliente. A certeza de um tratamento especial, base de uma relação emocional. Transformar um problema negativo em alguma coisa positiva (convidar o cliente para tomar um café).
5º) Todos têm de agir como o chefe, o diretor ou o presidente. Nós temos de estimular a capacidade de iniciativa ao funcionário e dar prêmio quando ele age dessa maneira. Na TAM, uma telefonista fretou um jatinho para entregar a encomenda de um cliente. Ela justificou: "Se o senhor estivesse aqui, o que o senhor faria ? Claro que mandaria o jatinho."
6º) Tudo pode ser feito ainda melhor. É preciso ter humildade para aprender com clientes. Quanto mais atendemos às pessoas, mais recebemos ajuda através de sugestões.
7º) É preciso concentrar-se no nosso negócio. Zele pelo seu negócio, até porque pode aparecer um concorrente com preço melhor. "Pessoas e empresas vivem de exemplo, e um exemplo vale mais que 1 milhão palavras. Quando abaixo para pegar um papel no tapete, quando levo a mala do cliente, o que vocês acham que acontece na minha equipe?", concluiu o comandante Rolim, o qual falou sobre estes mandamentos em palestra realizada em dezembro de 1995, em São Paulo (SP).
A TAM ganhou inúmeros prêmios por satisfação do cliente, "marketing" e outros assemelhados. De 10 pessoas entrevistadas, todas as 10 viajariam pela TAM outra vez, revelou pesquisa realizada em 178 países, conferidora do prêmio da "Air Transport World" à TAM, na qualidade de melhor empresa de aviação comercial do mundo.

http://www.newton.freitas.nom.br/artigos.asp?cod=20

TAM



A história da evolução da TAM linhas áreas se confunde com a história da própria aviação comercial brasileira. A empresa já foi desacreditada e alvo de duras críticas, mas não se deixou abalar, pelo contrário, driblou as crises e cresceu, ocupando o posto atual de maior companhia aérea do país. Por trás de toda essa trajetória de superação, sucesso e crescimento, está a mente de um empresário brilhante: o Comandante Rolim Amaro. Com uma visão revolucionária e uma história de vida surpreendente, ele deu asas a um sonho e construiu em pouco mais de duas décadas uma das empresas mais bem sucedidas do Brasil.


Fonte: http://www.casodesucesso.com/?cid=87




"Toda grande obra é fruto da obsessão de um sonhador"  
Rolim Amaro 

ROLIM COMANDANTE ROLIM ENTREVISTADO POR JOAO DORIA 

sábado, 2 de junho de 2012

Vasco Cinquini



Vasco Cinquini 




'VASCO CINQUINI FOI PIONEIRO DA AVIAÇÃO E JÁ FOI HOMENAGEADO COM NOME DE HANGAR NO AEROPORTO DE BIRIGUI;SUA FAMILIA VEIO PARA BIRIGUI E FORAM GRANDES ENTUSIASTAS DA NOSSA AVIAÇÃO E TAMBÉM MOTIVADORES DA INDUSTRIA BIRIGUIENSE : está registrado na História da aviação em Cuiabá quando Pousou o primeiro avião em 28 de março de 1929 os pilotos eram Pilotos Antônio Gonçalves e ''Vasco Cinquini'' - Cerca de dois mil cuiabanos se reuniram em um campo de pouso improvisado para assistir ao primeiro pouso de um avião em Cuiabá. Foi pontualmente às 17h30 do dia 28 de março de 1929 que o Avro Avian Cirrus III pousou e a população vibrou. Com isso, os pilotos Antônio Reynaldo Gonçalves e Vasco Cinquini entraram para a história da aviação em Mato Grosso. Passados 83 anos o fato ainda está na memória de muita gente principalmente para os moradores do antigo Bairro Pico do Amor. Foi em uma chácara localizada no bairro, nas proximidades da Avenida Fernando Corrêa da Costa, que o avião pousou. Os dois pilotos foram recebidos com festa pelo presidente Mário Corrêa, que deu o prêmio anunciado: 20 contos de réis. Vasco Cinquini teria doado parte do dinheiro à Santa Casa de Misericórdia. Reynaldo e Cinquini foram os primeiros a pousar em solo cuiabano, mas dois anos antes outro avião já riscara os céus mato-grossenses. O marquês italiano Francisco de Pinedo pilotou um hidroavião Savóia Marchetti S.55, chamado Santa Maria, e passou por Cáceres também em março, mas do ano 1927. Ele estava em viagem pela América do Sul e saíra de Assunção, no Paraguai. Fonte: G1MT





Quando Vasco Cinquini recebeu o seu brevê
Após as provas em Santos, mecânico do Jahú se tornou aviador 
Da esquerda para a direita: João Negrão, Cinquini, Ribeiro de Barros e Braga.


Em 1927, uma equipe de brasileiros teve a ousadia de sair da Itália e atravessar o Oceano Atlântico por via aérea, até chegar à capital paulista, com escala inclusive em Santos. A bordo do hidroavião Jahu, o jovem aviador paulista João Ribeiro de Barros, e o mecânico Vasco Cinquini, além do co-piloto Arthur Costa (substituído pelo tenente aviador João Negrão) e do navegador Newton Braga.
Cinquini queria mais, queria ser aviador, e por isso prestou exame para a obtenção de seu brevê, como registrou numa segunda-feira, 4 de março de 1929, o jornal santista A Tribuna, em sua página 3 (ortografia atualizada nesta transcrição):
Uma festa de aviação

Vasco Cinquini aviador

Segundo havíamos noticiado, realizaram-se ontem, às 10 horas, na praia do José Menino, as provas aviatórias a que o Aero Clube Brasileiro submeteu Vasco Cinquini, o heróico mecânico do Jahu, para a obtenção do brevê de aviador.
A mesa em que se procedeu à assinatura do brevê expedido ao aviador Vasco Cinquini, que foi um dos heróis do reide do Jahu. Acham-se em companhia do novo aviador os examinadores, srs. Jorge Corbisier e Fritz Roesler, acompanhados dos tenentes Rabello e Reynaldo Gonçalves, e do bravo aviador patrício João Ribeiro de Barros


Todas as provas foram executadas com magistral perícia, tendo Cinquini recebido, da mesa julgadora e pessoas presentes, calorosas felicitações.
 No Hotel Internacional foi servido, com esmero, às 12,30 horas, o almoço, oferecido pela Empresa de Aviação Brasileira, o qual decorreu na mais franca cordialidade.
Grupo feito logo depois da prova a que se submeteu Vasco Cinquini. Em companhia do novo aviador se encontram os examinadores


Ao champanha, foram trocados vários brindes, tendo usado da palavra o sr. tenente-aviador Rabello e Corbisier, que saudaram o novo aviador com entusiásticas palavras de incitamento e felicitações, sendo, ao terminar, muito aplaudidos.
Outro grupo feito no avião em que Cinquini executou, com brilhantismo, todas as provas exigidas. No alto, vê-se o aviador brasileiro João Ribeiro de Barros

Apenas dez meses depois destas cenas, novamente em Santos, Vasco Cinquini morreria num acidente com seu avião, que caiu no mar após pane estrutural, em 11 de janeiro de 1930.


 Chegada do Jahu
O Jahú pousando na represa de Guarapiranga - São Paulo

Atracando na represa

 Ancorado com os motores cobertos e a Força Pública de guarda

Tripulação do Jahú, seguindo para terra logo após o pouso na represa de Santo Amaro 

                                   O Jahú abandonado no Museu de Aeronáutica no Ibirapuera 



Chegada do Hidroavião Jahu ao Rio de Janeiro




MEMORIA DA AVIAÇÃO BRASILEIRA -QUEM FOI SALGADO FILHO HOMENAGEADO COM NOME NO HANGAR DO AEROCLUBE DE BIRIGUI -Batismo do primeiro avião do Aeroclube, o Piper PP-TRO, em 17 de Setembro de 1942 na Ponta do Calabouço no Rio de Janeiro (atual aeroporto Santos Dumont), oito meses antes de ser recebido em sua derradeira morada no Sul de Minas. Encontravam-se presentes no evento Oswaldo Costa, o ministro Salgado Filho e o jornalista Assis Chateaubriand.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Alberto Bertelli

Alberto Bertelli


Alberto Bertelli nasceu no dia 3 de outubro de 1914 numa fazenda no município de São Roque em São Paulo, mudando-se cinco anos mais tarde para a capital.
     Como qualquer criança teve uma infância normal, cujas lembranças serviram de alento para toda sua vida, principalmente a da visita do Rei Humberto da Bélgica, que, quando em São Paulo, fôra acolhido por 3 aviões, os quais fizeram acrobacias que ele, Alberto Bertelli, não esqueceu jamais.
     Inicialmente o jovem Alberto Bertelli optou pelo automobilismo, entusiasmado pelo modelo que seu pai adquiriu em 1922; porém, com uma exibição a que assistiu maravilhado em 1935 e sua mudança para perto do Campo de Marte, Bertelli resolve começar a freqüentar os meios de aviação.
     Essa foto  não é de aeromodelismo mas merece  estar em destaque!
Alberto Bertelli  dando um show de dorso! com seu Bucker jungman.
Foto   tirada  em 27 de julho de 1963!
Local:  Campo dos Amaraes-Campinas - SP

A partir daí, começaram as verdadeiras dificuldades, que foram desde a sua diferença de condição social para os outros frequentadores até a falta de apoio da família, amigos e do próprio patrão, quando a eles declarou o desejo de voar.
     Durante toda a vida Bertelli enfrentou os mais variados inconvenientes, inclusive acidentes de aviação que quase lhe roubaram a vida. Mas tudo Bertelli soube enfrentar utilizando-se de sua humildade e nobreza de espírito, característica daqueles que, em amor ao que se dedicam, conseguem galgar os mais altos degraus.
     Sabemos agora, que por seu caráter e pelos seus atos, Alberto Bertelli foi a última figura legendária da aviação brasileira, o último representante da aviação romântica, proveniente de uma saga de homens em extinção.

Um dos Clássicos de Bertelli o voo do bêbado


FRASE DO PILOTO ALBERTO BERTELLI
"O aluno aprende a voar, tira seu brevê. Continua a voar, faz as horas, presta exame e sai piloto comercial. Com muito sacrifício, entra numa companhia comercial. Volta ao Aeroclube com ares de importante, fala cobras e lagartos da aviação - da qual ele agora faz parte. Olha com desprezo os teco-tecos nos quais aprendeu a voar. Agora ele é o Sr Fulano dos Anzóis Pereira. Nunca mais voará em avião a pistão, coisa antiquada, não tem instrumentos, nem outros bichos.

Se for um aviador autêntico, verá que essa não é a aviação que o homem sempre almejou: acuse aqui, acuse ali, e depois de dois ou três anos de tanta acusação, volta todo humilde ao Aeroclube, olha o P-56 e pede que alguém lhe dê um duplo-comando, pois não sabe mais voar. Quer voar, simplesmente VOAR"...



ALBERTO BERTELLI

Nascido em 3/10/1914, natural de Aluminio, S.P., filho de João Bertelli e Julieta Dezzopa Bertelli foi casado com Paschoalina Bertelli e teve 3 filhas: Wilma, Shirley e Vera. Viveu a grande parte de sua vida em Registro S.P.. 

Brevetou-se Piloto Comercial em 1944. Em mais de 40 anos de atividade foi mecânico, inventor, músico (tocava clarineta), escritor, instrutor de vôo em vários aeroclubes, instrutor de planadores do Clube Politécnico de Planadores, piloto de provas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, transladou aviões, piloto de táxi aéreo transportando um pouco de tudo, desde peixes no litoral até doentes para hospitais e, com destaque, piloto acrobata. 

Como piloto acrobata participou de quase todas as festas aviatórias e shows aéreos de sua época superando a marca de 2.000 exibições, sofreu acidentes graves, colecionou inúmeras medalhas e troféus. 

Foi Campeão Sul Americano de Acrobacia Aérea em 1947. 

A convite do Ministério da Aeronáutica em 1.949 foi o único brasileiro participante da Semana da Asa a apresentar-se no Congresso Internacional de Aeronáutica Civil e na Revoada Panamericana. 

Convidado especial e único brasileiro com projeção mundial a apresentar-se no Salão Aero Espacial do Brasil, realizado em São José dos Campos, S.P. no ano de 1972. 

Foi considerado membro honorário da Esquadrilha da Fumaça, o 1o. piloto civil a receber esta condecoração . Pelos seus serviços à aviação foi agraciado pela Força Aérea Brasileira com o título honorífico de Brigadeiro do Ar. 

Por longos anos participou de quase todas as apresentações em conjunto com a Esquadrilha da Fumaça, liderada pelo seu grande amigo Cel. Braga, a quem chamava carinhosamente chamava de “Chefe”. 

“Véio” como era conhecido e gostava de ser chamado, Bertelli era uma pessoa simples, sonhadora, amiga e divertida sempre contando seu “causos” por onde passava. Com seu jeitão despojado de qualquer vaidade freqüentemente era confundido com espectadores dos shows em que iria participar (época em que ainda não usava seu macacão vôo da F.A.B.), sendo algumas vezes até solicitado “gentilmente” pela segurança a deixar a área reservada aos dirigentes e pilotos. E o interessante é que Bertelli humildemente atendia ao “convite”! Quando seu nome era anunciado e se dirigia ao Bücker... só constrangimento e desculpas por parte da segurança! 

Como todo fora de série, genial e dotado de extrema sensibilidade, Bertelli era meio normal, meio louco, que tinha asas em formato de biplano e voava de cabeça para baixo. 

Quem o conhecia sabia logo que estava chegando antes mesmo de pousar. Com os Bücker PP-TFM, PP-TFK ou PP-TEZ que utilizava era sempre a mesma coisa: fazia toda a aproximação, da “perna do vento” à “final” no dorso, girando para o normal somente há mínimos segundos do pouso. Essa era a sua “marca registrada ” 
Alberto Bertelli voando em Birigui-SP


Bertelli voava sempre em atitude de acrobacia. Seu vôo de cruzeiro era sempre de dorso! 

Depoimentos:
“Bertelli era um piloto fora de série, que todo o mundo o admirava e sempre foi considerado um dos maiores pilotos brasileiros” 
Cel. Braga 

“O Bertelli é sem dúvida o maior piloto do Brasil e de longe o melhor que conheço. Homem como poucos, tem dado lições inúmeras a todos os que o conheceram na aviação e fora dela.. É conhecido pelo seu espírito prático, sua personalidade simples e por isso contagiante. Descobriu sozinho, pela vida afora, a grandeza da humildade e por isso é uma figura humana de dimensões extraordinárias” 

“Creio ser ele, pelo seu tipo e pelos seus atos, a última figura legendária da aviação brasileira, o último representante da aviação romântica proveniente de uma safra de homens em extinção”. 
Cmte. Rolim Adolfo Amaro 

“O Brasil tem um dos maiores pilotos de acrobacia aérea e não sabe” 
Reportagem de capa da Revista Aerojet - 1977 

Se hoje a aviação nacional encontra-se em uma posição destacada no cenário internacional e há confiabilidade na aviação comercial, na indústria aeronáutica, nos pilotos brasileiros, muito se deve à união de esforços entre militares, representado pelo ícone Cel.Braga, e civis, representado pelo mito Alberto Bertelli. 

Bertelli decolou aos 66 anos para seu último e mais alto vôo em 8/12/1980. 
Sérgio Penteado 


Fontes:
Família Bertelli/Pioneiros do Ar
Aeroclube de Sorocaba
Boletim Informativo Campo Fontenelle 


Fotos Historicas de Alberto Bertelli em Birigui







Bucker